30/09/2022
Quando você tem todas as empresas caindo ao mesmo tempo, pode ser um sinal de oportunidades.
"Aproveitamos esses momentos para reavaliar e reequilibrar o portfólio, aproveitando a oportunidade que a alta volatilidade do mercado oferece."
O Brasil e o mundo vivem períodos turbulentos. No exterior há uma preocupação com a recessão econômica mundial e com os impactos que as altas na taxa de juros possam causar no mercado de renda variável. No mercado local, além da preocupação com o juro alto e inflação, há uma preocupação com as eleições. No fim, o que todo mundo quer saber é se esse é um bom momento para investir em ações e, caso a resposta seja positiva, quais as melhores empresas para investir agora.
Ninguém sabe com precisão quando o mercado irá subir ou quando o Fed interromperá a alta dos juros. A boa notícia é que mesmo assim você pode ter sucesso nos investimentos.
Desde a nossa fundação, em 1988, e a criação do IP Participações, em fevereiro de 1993, o fundo passou por inúmeras crises (México, Tigres Asiáticos, Rússia, Torres Gêmeas, Subprime, Covid, além das incontáveis micro crises brasileiras). A cada crise, uma lista de perguntas e incertezas rondava a nossa cabeça e dos investidores.
Da mesma forma que hoje não achamos possível saber essas respostas antecipadamente, pensávamos igualmente no passado. Ainda assim, foi possível ter retornos superiores aos principais benchmarks do mercado. O motivo: a soberania das empresas que investimos. Reconhecendo a dificuldade de prevermos o ambiente macro com precisão, a IP prefere se concentrar em negócios que tenham motores próprios de crescimento e razões únicas para continuar crescendo mesmo em ambientes macro desafiadores.
Estamos conscientes das incertezas e da atual queda do fundo de mais de 20% no ano. Queremos abordar diretamente este assunto, e trazer a perspectiva do que vivemos em outras crises.
Gostaríamos de chamar a atenção para 3 pontos no gráfico abaixo: a crise do subprime, o ataque às torres gêmeas e a crise dos Tigres Asiáticos + Rússia. Ao longo do tempo, algumas dessas quedas, principalmente as mais antigas, se tornam quase imperceptíveis no gráfico.
Mas como seria o gráfico se estivéssemos agora no pior momento da crise do subprime?
No ataque às torres gêmeas, esse era o gráfico do fundo:
Na crise dos Tigres Asiáticos + Crise da Rússia, que é imperceptível no gráfico de 2022, mostra uma queda muito pior – tendo em seu pior momento atingido uma perda do topo ao vale de 76%. Muitos teriam desistido nesse momento e perdido qualquer esperança do seu investimento dar certo.
Nesses eventos, assim como hoje, o mercado não tinha a resposta para todas as dúvidas geradas pela crise. Olhando em retrospectiva, sabemos que optar por resgatar nesses momentos não foi uma boa ideia – na verdade, a decisão mais sábia teria sido investir.
Alongando o prazo de análise, as quedas relevantes se tornam pouco perceptíveis no gráfico. Quando um portfólio com empresas sólidas sofre uma grande queda, pode ser uma excelente oportunidade do investidor paciente e com foco no longo prazo alocar capital.
No meio de tantas dúvidas, temos apenas uma certeza: quando essa crise passar, virão outras pelo caminho. A volatilidade é a única coisa certa quando investimos em ações.
Qual então a melhor forma de atravessar esse cenário?
João Lisboa, nosso sócio e cogestor, explicou melhor como estamos navegando por esse momento atual.
“O mercado de ações está reagindo muito rápido baseado no cenário macro – quando você tem todas as empresas caindo ao mesmo tempo, pode ser um sinal de exageros – e aproveitamos esses momentos para reavaliar e reequilibrar o portfólio, aproveitando a oportunidade que a alta volatilidade do mercado oferece.”
Exposição do setor de tecnologia na carteira
Ao se pensar no setor de tecnologia a primeira coisa que vem à cabeça é o altíssimo crescimento, altíssimo risco e valuations esticados. De certo há empresas assim, mas não é esse o perfil das empresas que a IP investe. Quando falamos em tecnologia, optamos por empresas já consolidadas, como Google, Microsoft e Amazon, que funcionam quase como utilities da economia moderna, com uma posição mais estabelecida e valuations muito mais compreensíveis.
Exposição Brasil x Exterior
Sempre buscamos entender o que está acontecendo em cada uma das empresas, tendo o macro como análise acessória. Embora o cenário macroeconômico brasileiro sugira mais otimismo, quando olhamos os negócios individualmente não encontramos tantas empresas excepcionais a valuations extremamente atraentes. Ainda temos mantido um percentual alocado fora maior do que no Brasil, mesmo tendo aumentado a participação em alguns negócios locais.
Na IP temos 3 pilares de investimento e não abrimos mão de nenhum deles:
- A empresa precisa ter um motor próprio de crescimento
- A empresa precisa ter um escudo competitivo bem claro
- A empresa tem que ter as pessoas certas, tanto do ponto de vista ético quanto do de competência.
Ao filtrar as empresas brasileiras por esses 3 pilares, o resultado é um universo restrito de aproximadamente 30 empresas que, quando olhamos o valuation, não vemos grandes barganhas se compararmos com empresas internacionais que atendem aos mesmos critérios, mesmo colocando na conta que os EUA possam atravessar um cenário macro mais desafiador do que o Brasil.
Os negócios das empresas não possuem um comportamento tão volátil quanto o mercado. Para convivermos com a alta volatilidade dos mercados causada pelo cenário macro, temos utilizado instrumentos de proteção que nos permitem responder rapidamente às mudanças de humor nos mercados, sem interferir no nosso stock picking. É importante chamar atenção que o uso dessas proteções é bastante dinâmico, com posições sendo montadas e desmontadas rapidamente, sem que seja uma posição estrutural do fundo.
Desaceleração dos lucros das empresas americanas
Algumas empresas podem começar a mostrar desaceleração de receitas e lucros nos próximos resultados, mas há um fato o qual o investidor precisa estar atento. Você não compra a aceleração ou desaceleração de uma empresa, você compra a expectativa do movimento. Se a empresa desacelerar mais que a expectativa, isso pode ser ruim para o seu investimento, porém, se a empresa desacelerar e a magnitude for menor que a expectativa do mercado, os investidores tendem a pagar mais por aquela empresa.
As decisões tomadas baseadas nos resultados trimestrais são perigosas. Ao invés disso, optamos por analisá-los com atenção para buscar sinais que nos permitam entender a trajetória futura das empresas. Entendemos que o jogo de tentar capturar pequenos ganhos com sinais de curto prazo é assimétrico contra o investidor.
Não poderíamos encerrar esse texto sem dizer aos nossos cotistas que compartilhamos das mesmas dores com a cota do fundo caindo. Temos por contrato ao menos 50% dos nossos patrimônios líquidos investidos nos mesmos fundos que os clientes. Na prática, temos em média mais de 70%. Somos os maiores clientes dos fundos e podem ter certeza de que ver a cota cair nos dói bastante também. No entanto, sabemos que o investimento em ações envolve por definição volatilidade e temos a serenidade de aproveitar esses momentos para aumentar nossas participações. Crises são passageiras e não tem porque a atual ser diferente. Paciência é crucial para o sucesso investindo em ações.
Uma pergunta que temos recebido frequentemente é: “não é hora de sair dos EUA e investir no Brasil?”
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Assista o bate-papo na íntegra no vídeo abaixo:
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