13/04/2022

Um bate-papo com o sócio e cogestor da IP, Pedro Andrade

Em uma live exclusiva para assessores de investimentos, nosso sócio Pedro Andrade explicou qual é a receita clássica para perder dinheiro no mercado acionário:

“Quem investe em ações tem que entender que vai haver quedas. Essa volatilidade é o custo que você precisa pagar para obter ótimos retornos mais adiante. Tem que ter muito cuidado para não vender porque caiu para depois comprar porque subiu. Porque essa é a receita clássica para perder dinheiro com ações. Para mim e para todo time da IP, esse é o momento de acumular. Ao invés de as pessoas tentarem adivinhar para onde vai o mercado no curto prazo, é melhor fazer aportes regulares e, nos momentos de queda, acelerar os aportes para aproveitar os preços descontados.”

“Quando se investe em bons ativos, uma hora a volatilidade se resolve e o ganho aparece.”

A partir de perguntas enviadas pelos assessores que participaram da live, Andrade também falou sobre as maiores posições da IP, inflação e juros nos EUA, o setor de tecnologia e outros temas.

Confira a seguir os principais destaques:

 

Aumento da posição em empresas brasileiras

O mercado brasileiro passou por um susto de juros no segundo semestre do ano passado. Aproveitamos para aumentar nossas posições em Equatorial e XP e a participação das empresas brasileiras cresceu de 23% para 33% da carteira. A Equatorial é uma de nossas 5 maiores posições. Vendemos ações americanas para conseguir realizar esse movimento.

 

Oportunidades em empresas internacionais

Mesmo no mercado americano surgiram boas oportunidades já no final do ano passado. Aumentamos Charter, uma empresa de banda larga americana que virou a maior posição do IP Participações. Outras grandes posições são a Microsoft, o Google e a Transdigm, uma empresa que fabrica peças de reposição para aviões que tem um histórico de alocação de capital fenomenal. Nossa principal venda foi o Facebook, que começamos a reduzir no ano passado e encerramos em fevereiro.

 

Inflação nos EUA

O mercado teme a inflação nos EUA. A gente não vê a inflação como um risco operacional para os negócios em que investimos. Algumas de nossas empresas até conseguem repassar os aumentos de preço automaticamente, como o Google e a Mastercard.

 

Recessão nos EUA?

Alguns começam a temer a desaceleração do crescimento da economia americana com a alta dos juros. Para nós, isso é um sinal de que o Fed começa a ter sucesso em acalmar os ânimos dos agentes de mercado. Nossos negócios têm motores próprios de crescimento que dependem menos do PIB. Não são imunes ao ciclo econômico, mas são empresas que ganham mercado consistentemente porque resolvem a vida de seus clientes. Prever recessões é uma atividade notoriamente difícil. Mesmo se uma vier, não invalidaria a beleza desses negócios.

 

Juros nos EUA – risco para as empresas?

O mercado também teme a alta dos juros nos EUA. Temos na carteira empresas que são favorecidas pela alta de juros como a Charles Schwab. Além disso, em geral as empresas onde investimos são pouco alavancadas ou até têm caixa líquido. Já as que são alavancadas, como a Charter, têm conseguido rolar suas dívidas com juros mais baixos que o custo médio atual do seu passivo.

 

Juros nos EUA – Novo custo de oportunidade

Outro impacto dos juros é sobre o custo de oportunidade dos investimentos. Isso é sim relevante. Os ânimos são testados e as ações sofrem correções relevantes, como temos visto. A gente não vê, porém, um patamar de juros que tira a atratividade de nossos investimentos. Os yields das treasuries de 10 anos ainda estão abaixo de 3%, apesar de toda a alta. Muitas ações em que a gente investe já possuem retorno esperado superior a 15% ao ano, algumas chegando a 20% ao ano em dólares. Temos uma boa margem de segurança para novos aumentos de juros de longo prazo.

 

Tecnologia

Tecnologia cada vez mais é um termo amplo demais para classificar empresas. Todas as empresas estão virando, de certa maneira, empresas de tecnologia, porque elas sabem que se não virarem, vão ficar para trás. Isso trará um ambiente mais sangrento e competitivo ou veremos essas empresas criando valor? Ambos tendem a acontecer. É preciso entender caso a caso quem tem mais chance de vencer. No ano passado, havia muita empolgação no Brasil e nos EUA com empresas menores de tecnologia. Muitas vezes pagava-se por sucessos brilhantes onde havia ainda pouca clareza da sustentabilidade competitiva dos negócios. A gente gosta de companhias que já tenham adquirido uma posição de dominância muito clara, com ótimas possibilidades de continuar crescendo e negociadas a preços compreensíveis. Não gostamos de pagar muito na frente apenas por uma ideia ou um time de pessoas. Continuamos atentos e atraídos por tendências como e-commerce, streaming, publicidade digital, software empresarial e na nuvem.

 

Gatilho para o investidor voltar para a Bolsa

Sendo realista, o gatilho para o investidor médio brasileiro voltar para a Bolsa tende a ser uma recuperação mais forte do mercado e uma queda do CDI. Só que aí boa parte do retorno potencial já terá ficado para trás. O mercado é misterioso e é muito difícil fazer previsões. As pessoas costumam se agarrar no que conseguem ver para ter segurança no que fazer.  E o que é mais visível para as pessoas é o que está acontecendo no momento ou o que ocorreu nos meses anteriores. Se está subindo, a tendência é achar que vai continuar a subir – e vice-versa. Espera-se uma tendência para tomar uma decisão. Mas a receita para ganhar dinheiro com ações é diferente, é aportar com frequência, e acelerar os aportes para aproveitar os preços quando eles estão mais descontados. O investidor deve ter a cabeça de colecionador de negócios excepcionais. De aproveitar os ruídos macro, com suas hipóteses catastróficas, para acumular bons investimentos. Os melhores momentos para comprar ações são quando as pessoas não querem comprá-las. Mas é preciso pensar em horizontes de ao menos 5 anos e conseguir suportar a angústia da volatilidade. Esse é o custo do sucesso em ações.

 

Veja os destaques do bate-papo aqui